Enzima mutante capaz de reciclar garrafas PET em horas anima cientistas

Enzima mutante capaz de reciclar garrafas PET em horas anima cientistas

A necessidade urgente de redução no consumo de petróleo e na emissão de carbono coloca a reciclagem de materiais plásticos em escala industrial como tema central para o futuro do planeta. Não se trata, porém, de tarefa simples: grande inimiga do meio-ambiente, as garrafas PET, por exemplo, poluem os oceanos em toneladas diárias de despejos – para uma equipe de cientistas da companhia química Carbios, o segredo para acelerar e viabilizar tal processo está uma enzima mutante desenvolvida em laboratório.

Garrafas PET em processamento para a reciclagem © Pixabay

Publicado na revista Nature, o estudo partiu da análise de 100 mil microrganismos, até a seleção de uma melhor enzima, a qual foram adicionadas mutações artificiais. Dessa forma foi desenvolvida uma enzima capaz de decompor uma tonelada de plástico PET em cerca de 10 horas. Do novo resíduo restante do processo os cientistas puderam produzir novas garrafas de alta qualidade – a tecnologia atual só permite que os plásticos PET reciclados sejam transformados em outros produtos, como espumas ou tecidos. A novidade, portanto, não só traz rapidez e eficácia ao processo, como otimiza a qualidade do produto reciclado final.

Cientista diante de tanque de fermentação da Carbios © Divulgação

A ideia da Carbios, empresa por trás da descoberta, é o uso da enzima em escala industrial nos próximos 5 anos, trazendo outra boa notícia: o custo da produção é somente 4% do valor do plástico virgem produzido a partir do petróleo. “Temos a possibilidade de realizar a reciclagem do plástico PET em escala industrial. Isso significa um grande avanço em relação à velocidade, eficiência e resistência ao calor do material reciclado. Com esta tecnologia podemos aumentar muito a reciclagem, fechando o ciclo de vida do plástico e diminuindo o consumo de petróleo e emissões de carbono necessários à produção do material virgem”, afirmou Martin Stephan, diretor executivo da Carbios. A empresa já possui um acordo com a Novozymes, empresa de biotecnologia, para a produção da enzima em larga escala, utilizando fungos.