Humanidade transforma em lixo 91,4% de tudo que produz e usa.

Humanidade transforma em lixo 91,4% de tudo que produz e usa.

A humanidade transforma 91,4% de tudo o que produz e utiliza em lixo. Os 8,6% restantes têm algum tipo de reaproveitamento, e não necessariamente o mais eficiente possível. Em 2017, esse percentual de aproveitamento, chamado de índice de circularidade, era de 9,1%. Ou seja, a situação está piorando.

Os dados estão na quinta edição do Circularity Gap Report, estudo que faz um raio x dos fluxos da economia mundial compilando informações de diversas fontes e que saiu no último dia 19 de janeiro. É elaborado pela Circle Economy, iniciativa que faz esse tipo de levantamento e análise para empresas e gestores públicos e privados.

Segundo o documento, a economia global consome 70% mais materiais virgens do que o mundo pode repor com segurança: o uso anual de recursos foi de 89,8 bilhões de toneladas em 2016, ultrapassou os 100 bilhões em 2019 e está estimado em 101,4 bilhões em 2021.

O relatório aponta que as metas climáticas dos países se fixam na redução de combustíveis fósseis, mas dão pouca ênfase ao peso da extração de matérias virgens e às formas de consumo insustentáveis, sendo que 70% das emissões de GEE são relativas à produção e ao uso de todos os tipos de produto.

De outra parte, a economia circular figura em muitas políticas e objetivos governamentais e multilaterais (como o Plano de Ação da Economia Circular da União Europeia) apenas como um outro nome para a reciclagem, que tem suas limitações na contenção das emissões.

Para avançar na direção de uma circularidade mais abrangente e na eficaz redução de emissões, o relatório aponta 21 soluções em alimentação, comunicações, cuidados de saúde, consumo, mobilidade e habitação que podem ajudar a cumprir a meta do Acordo de Paris, de limitar o aquecimento global a 1,5 °C até 2050. Em cada uma delas, há uma estimativa de economia de emissões e materiais. Somadas, as 21 soluções dariam 22,8 bilhões de toneladas (22,8 Gt) de emissões de gases do efeito estufa.

Para implementar essas soluções, é preciso um equilíbrio de políticas, incentivos financeiros e responsabilidades individuais. “Podemos consertar o clima se pudermos consertar a economia”, disse o diretor de estratégias da Circle Economy, Marc de Wit, no webinário de apresentação do relatório.

“Os governos nacionais e locais precisarão fornecer orientação e condições favoráveis, os consumidores precisarão fazer escolhas que encorajem a circularidade e as empresas precisarão redesenhar seus processos desde o início”, aponta o documento.

As soluções seguem quatro princípios fundamentais: extrair menos matérias primas virgens e recursos, usar produtos por mais tempo, desenhar produtos e materiais com vistas à desmontagem e reciclagem, regenerar solo, agricultura e investir em energias renováveis.

Elas se dividem em sete eixos baseados nas necessidades humanas: habitação, alimentação, mobilidade, produtos de consumo, serviços, assistência médica e comunicação.

“A necessidade que representa a maior pegada de recursos e emissões é a construção e manutenção de casas residenciais, especialmente em países de baixa renda”, diz o estudo. Em segundo lugar no ranking, está a alimentação, por seus ciclos de vida curtos na economia. Em terceiro, a necessidade de mobilidade que consome dois tipos de recursos: materiais para construir o transporte em tecnologias de veículos como carros, trens e aviões e os combustíveis para alimentá-los.

As propostas sobre alimentação poderiam contribuir para cortar 10 bilhões de toneladas de emissões globais, basicamente com: a) produção alimentar sustentável; b) redução do consumo excessivo e c) adoção de uma dieta mais saudável. De acordo com o relatório, as empresas podem agir antes que os governos nacionais ou locais estabeleçam metas, construindo transparência em suas cadeias de suprimentos.

As 21 propostas do Circularity Gap Report 2022. CLIQUE PARA CONTINUAR LENDO…

FONTE: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/mara-gama/