ESG: entenda os critérios ambientes, sociais e de governança que devem guiar investimentos certeiros

ESG: entenda os critérios ambientes, sociais e de governança que devem guiar investimentos certeiros

As questões sociais e de sustentabilidade ocupam hoje um espaço importante nas pautas corporativas e da sociedade, sendo fatores fundamentais para as empresas que pretendem ser competitivas no mercado.

Seguindo nessa perspectiva, nos últimos anos o ESG tem ganhado destaque. A sigla, que vem do inglês Environmental, Social and Governance, refere-se a um indicador que avalia boas práticas empresariais nos âmbitos ambientais, sociais e de governança.

Em outras palavras, as estratégias de ESG adotadas pelas empresas tornaram-se uma espécie de direcionamento para os investidores, que passaram a se preocupar não somente com as tradicionais métricas econômico-financeiras, mas também com aspectos ligados aos impactos socioambientais de uma organização.

No Brasil, esta é ainda uma tendência recente, mas tem sido assunto nas discussões e tomadas de decisões empresariais. Por isso, neste artigo, iremos explicar a origem do ESG e contextualizar cada um dos pilares que constituem essa sigla.

 

Como surgiu o termo ESG?

 

A origem do termo ESG surgiu há mais de uma década em uma carta do então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, escrita para mais de 50 CEOs de grandes instituições financeiras, convidando-os para uma iniciativa conjunta, no intuito de integrar os fatores ESG ao mercado de capitais.

Essa iniciativa resultou na publicação do relatório Who Cares Wins (Ganha quem se importa), que se concretizou com a colaboração de 20 instituições financeiras de 9 países, incluindo o Brasil, em parceria com o Pacto Global da ONU, o International Finance Corporation (IFC) e o governo suíço, visando conscientizar todos os envolvidos do mercado financeiro a levar a abordagem sobre as questões ambientais, sociais e de governança para uma discussão mais ampla, além de incluir diretrizes e recomendações para melhor integração desses critérios às empresas, bem como à pesquisa, análise e investimento do mercado financeiro.

 

Quais os pilares do ESG?

Os pilares desse conceito são pautados em fazer com que as organizações passem a analisar tanto seus aspectos econômicos, como também os sociais, éticos e de sustentabilidade, sendo:

  • ESG_environmental

    E – Environmental (Ambiental)

O pilar ambiental refere-se às práticas de combate às ameaças ambientais exercidas pelas empresas, considerando, inclusive, os impactos que podem ser gerados a longo prazo. Ou seja, espera-se que as iniciativas não sejam pensadas apenas para obedecer a leis e regulamentações, mas ir além e ter a sustentabilidade totalmente integrada à cultura da organização. Isso cabe não só a produtos, mas também a processos.

 

Os pontos importantes nesse quesito ambiental são os seguintes:

    • Uso consciente de recursos naturais;
    • Adoção da eficiência energética;
    • Redução das emissões de gases de efeito estufa (CO2, gás metano) e poluição;
    • Gestão adequada de resíduos e efluentes;
    • Praticar a Logística Reversa;
    • Evitar o desmatamento; etc.   

  • ESG_social

    S – Social (Social) 

Esse tópico trata-se da responsabilidade social empregada pela empresa, ao qual se relaciona com seus parceiros, clientes, colaboradores ou funcionários. Portanto, a organização não deve se limitar apenas às questões de trabalho e políticas internas, mas construir uma cadeia onde todos os envolvidos sejam beneficiados, até mesmo a comunidade onde a companhia está localizada.

 

Nesse cenário, destacam-se os seguintes fatores:

    • Adotar políticas e relações de trabalho dentro da companhia;
    • Dizer não ao trabalho escravo e trabalho infantil;
    • Respeito aos direitos humanos e às leis;
    • Apoio a programas de inclusão e diversidade;
    • Pagamento justo a fornecedores;
    • Relacionamento com a comunidade local;
    • Capacitação e cuidado à saúde dos funcionários;
    • Privacidade e proteção de dados (LGPD), etc.
  • ESG_governance

    G – Governance (Governança) 

O pilar governança diz respeito a administração da empresa, colocando em prática os compromissos de governança corporativa. Ou seja, esse critério nada mais é do que a base que garante o cumprimento a longo prazo das práticas de ESG, abarcando transparência, ética e responsabilidade perante aos riscos.

 

Em vista disso, Governança integra os seguintes pontos:

    • Ética e transparência da empresa;
    • Adoção de política anticorrupção e política de remuneração da alta administração;
    • Diversidade na composição do conselho;
    • Qualidade dos comitês de auditoria;
    • Responsabilidade fiscal;
    • Independência do conselho administrativo;
    • Estrutura empresarial.

 

Embora haja essa divisão, os três pilares estão diretamente interligados e exigem que as organizações pensem nisso como um conjunto, sendo essencial focar em ações de todos os tópicos.

 

Uma empresa que está em conformidade com práticas ESG reconhece quais são seus impactos na sociedade e consegue agir sobre eles minimizando os negativos e potencializando os positivos.

 

Por que práticas ESG importam?

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Quando olhamos pelo lado do investimento, significa que o desempenho de cada uma das siglas se tornou um importante critério, especialmente na cotação de mercado, influenciando inclusive na votação dos acionistas. Cada vez mais, empresários estão preocupados em apoiar financeiramente organizações que, além do lucro, busquem contribuir para a melhoria das condições do planeta, tendo as três dimensões do ESG como foco.

Para se ter uma ideia, de acordo com uma pesquisa publicada pela PwC, os ativos ESG representarão entre 41% e 57% do total de ativos de fundos mútuos até 2025. Além disso, mais de 75% dos investidores institucionais entrevistados disseram que planejam parar de comprar produtos “não ESG” até 2022.

Embora seja um fator de relevância, não são somente os investidores que têm valorizado essas práticas. Os consumidores finais também estão  atentos ao impacto das empresas no meio ambiente e na comunidade.

Um levantamento da Confederação Nacional da Indústria feito com 2.000 pessoas em 126 municípios brasileiros, mostrou que quase 38% dos entrevistados se preocupam em saber se um item foi produzido de forma ambientalmente correta. Outro dado indica que 62% afirmaram já ter boicotado marcas que violaram leis trabalhistas, que realizaram testes em animais, que cometeram crimes ambientais e que praticaram atos discriminatórios.

Dessa maneira, adotar práticas ambientais, sociais e de governança agrega valor e pode ser um grande diferencial para quem busca se consolidar no mercado, além de contribuir para o desenvolvimento sustentável das comunidades.

 

O ESG no Brasil

No Brasil, embora seja algo relativamente recente, o conceito ESG já vem ganhando aceitação pelos stakeholders. De acordo com o relatório “Inovação e ESG”, divulgado pela consultoria ACE Cortex, 46% dos empreendedores e colaboradores de grandes companhias disseram que já existem programas de ESG rodando em suas empresas; e 92% enxergam o conceito impactando as estratégias futuras dos negócios.

Além disso, anualmente, a bolsa de valores brasileira (B3) divulga uma lista com os nomes das organizações que integram o conceito em sua corporação, trazendo à tona quem está levando em consideração as questões ambientais, sociais e de governança em suas estratégias.

Como as empresas possuem grande poder econômico, são fonte de inovações tecnológicas e têm grande influência sob a sociedade, o setor privado tem um papel determinante para minimizar os efeitos sociais, econômicos e ambientais existentes.

Ações baseadas nos pilares ESG não apenas contribuirão para que as organizações estejam dentro dos padrões normativos e alcancem novos patamares no mercado de negócios, mas também impactarão no futuro da sociedade como um todo.

 

FONTE: https://www.teraambiental.com.br/